27 junho 2014

Bilhete de Trem




Pra começar não era pra você ter esse olhos castanho escuros, tão intensos, que me fazem querer flutuar para dentro deles.
Também não era pra você ter lábios tão carnudos e tão bem desenhados que me fazem querer te beijar a cada segundo.
E quem disse que você deveria ter mãos e braços tão fortes que quando me envolvem sinto que nada poderá me atingir?

Você não deveria mexer tanto comigo. E eu não deveria estar tão envolvida. Por que esse magnetismo que nos atrai e nos enlaça tão fortemente existe? Talvez ele não exista e todas essas coisas que eu disse e principalmente as que eu não disse sejam apenas fruto de um coração solitário.

Ora, a quem estou querendo enganar? Você despertou algo em mim há muito tempo adormecido. Algo que não sabia que tinha até você aparecer naquela cafeteria com seu cabelo arrepiado e seu jeans desbotado, chamando minha atenção com seu charme e me fazendo largar meu livro com seu papo leve, seu sorriso de lado.

Pode ser um erro. Você é encrenca. Desde o primeiro momento percebi que estava perdida. Foi tudo tão rápido. Nos conhecemos outro dia, mas parece que foi há anos. O bilhete no meu bolso para pagar a passagem é prova da loucura, da insensatez. E se o que li nos seus olhos for verdade, pois eles parecem refletir os sentimentos que os meus não conseguem esconder, esta será uma viagem só de ida. Você já tem meu coração, não aceitarei uma vida diferente da que estou prestes a descobrir. Seguro a sua mão e com uma troca de olhares você já sabe que tomei minha decisão. Vou embarcar nessa. E nem se eu quisesse, o que não quero, eu deixaria de pegar esse trem. Não sei o que nos aguarda, mas se estou com você, sinto que ficarei bem.




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